No passado dia 28 de março um grupo de 12 jovens em tratamento na comunidade terapêutica ART Quinta do Sol, em Magrelos, jovens esses com um passado de consumo de drogas e comportamentos de risco, tiveram a honra de assistir a uma aula teórica no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) sobre as consequências e os malefícios do consumo de drogas ao nível cerebral, sobre os riscos do consumo e sobre o funcionamento do cérebro em si. Todos os jovens ficaram muito entusiasmados e curiosos. Desta vez foi o jovem Guilherme que quis dar seu testemunho sobre esta visita.
“Eu sou o Guilherme Brás, vim de Lisboa, tenho de 18 anos e estou na ART a cumprir um processo terapêutico de reabilitação e sou um dos jovens que tiveram o privilégio de ir ao pólo universitário do porto, nomeadamente ao I3S e assim participar numa visita muito interessante, cativante e educativa.
Pode um jovem ex-toxicodependente com comportamentos de risco interessar-se pela forma como corresponde o cérebro e o organismo humano ao consumo de substâncias psicoativas? Por mim falo, sim pode. Pode e deve. Isso é tão verdade que eu fiquei e estou realmente entusiasmado com tudo o que escutei.
Fiquei verdadeiramente estupefacto pela tamanha cultura e conhecimento de causa das pessoas que nos guiaram e que nos transmitiram. A forma como o álcool e a droga atuam no nosso cérebro, o que fazem aos nossos neurónios e à nossa saúde, de que forma é que nos deixam viciados, como nos torna dependentes e de que forma funciona esse processo é o que estudamos durante este dia. Consegui perceber o facto de serem tomadas certas medidas na ART e agora percebo que são essenciais para um processo terapêutico de sucesso. Por exemplo, a proibição do vocabulário, músicas “antiterapêuticas” faz sentido agora para mim, porque são coisas que alguém que consumiu associa automaticamente ao consumo de droga. Alguém que consumiu no passado ao ouvir certas palavras ou músicas associa-as involuntariamente ao consumo de drogas, daí a importância de serem proibidas numa comunidade terapêutica. São as chamadas “pistas ambientais” que ativam a amigdala e que desta forma provocam pensamentos e uma certa vontade de consumir.
Estou muito agradecido à ART, às professoras e doutoras do I3S pela experiência que nos proporcionaram e que me permitiram conhecer melhor o meu corpo, o meu organismo, o meu cérebro e a gravidade que é a vida que levei nos últimos anos. Percebi o quão prejudicial é o consumo de álcool e de drogas, principalmente nos adolescentes, por todos os motivos e mais alguns.
Mais uma vez, estou imensamente grato por todo o conhecimento transmitido! OBRIGADO!”
Texto pelo utente Guilherme Brás.